terça-feira, 6 de julho de 2010

CESAR MAIA

AÇÃO POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS

César Maia, ex prefeito do Rio de Janeiro e candidato ao Senado pelo DEM
Desde os anos 80 a mobilização da juventude e sua participação política vinham diminuindo. Nas campanhas eleitorais, os debates acalorados com ‘torcidas’ dos candidatos quase desapareceram. Precipitadamente, analistas falavam de um processo de alienação.
A causa de fundo não foi nenhuma razão estrutural, mas as mudanças na própria atividade política. Na medida em que os extremos políticos convergiam para o centro, as razões espontâneas de mobilização perderam impulso. Uma razão está no que se chama de “partidocracia”: os partidos se fecham e se consideram eles mesmos, como tais, detentores da representação popular. A “partidocracia” produziu claros desestímulos à participação dos jovens, que não viam os canais de participação mobilidade e ascensão partidárias. Os parlamentos foram se burocratizando como desdobramento desse processo.
Nos últimos anos ocorre uma nítida reversão desse quadro, desmentindo quem imaginava que as causas eram estruturais e permanentes. Se uma parte dos jovens busca a participação política com expectativa de ascensão partidária e acesso a mandatos, a grande maioria busca essa participação política para influenciar as decisões.
A Internet também quebrou aquela obstrução. Mesmo que a maioria dos partidos não desenvolva canais de acesso a mandatos e a espaços políticos, o fato é que, para aqueles que querem participar da política, a Internet implodiu máquinas partidárias. O uso da Internet é proporcionalmente maior entre os jovens, reforçando essa tendência.
Com a Web, os edifícios partidários podem ser alcançados em qualquer andar, sem precisar mostrar carteirinha ao porteiro nem usar os seus elevadores. A participação é livre; pode-se dizer o que se quer, multiplicar o que se pensa, formar redes numa multiplicidade de temas. E mobilizar opinião pública numa freqüência maior que os políticos com mandato. Já vivemos num ambiente muito diferente, com ampla participação dos jovens que, sendo ou não filiados a partidos, opinam, pressionam e chegam à sociedade. Com isso, a participação dos jovens voltou a dar dinamismo ao processo político.
Os partidos que entenderem isso estarão conectados ao futuro.
(*) Cesar Maia - economista, ex-prefeito do Rio de Janeiro e candidato ao Senado pelo DEM.

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