Caso de Polícia: Delegados deixam escrivã nua em São
Paulo
Conforme denúncia formalizada, os policiais Eduardo Henrique
de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves, ambos integrantes da
Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo, durante a prisão de uma escrivã de
polícia que atuava no 25º DP, no bairro de Parelheiros (zona sul de SP),
tiraram a calça e a calcinha de uma escrivã que era investigada pelo crime de
concussão, quando um servidor exige o pagamento de propina.
Imagens que foram divulgadas ontem pelo blog do jornalista
Fábio Pannunzio (www.pannunzio.com.br) mostram que durante a prisão em
flagrante da escrivã os delegados determinaram que a mulher tirasse a roupa
para checar se ela havia escondido dinheiro de propina dentro da calcinha.
O caso aconteceu em junho de 2009. Ao longo dos 12 minutos
do vídeo, a escrivã diz que os delegados poderiam revistá-la, mas que só
retiraria a roupa para policiais femininas.
Mas nenhuma investigadora da Corregedoria foi até o local
para acompanhar a operação.
O vídeo traz trechos cedidos pela TV Band, cuja reportagem
completa o leitor poderá ver pela internet, através do endereço
http://videos.band.com.br/v_87687_exclusivo_policial_e_deixada_nua_e_revistada_a_forca.htm, que mostram imagens do incidente.
Ao final, o delegado Eduardo Filho, uma policial militar e
uma guarda civil algemam a escrivã retiram a roupa dela e encontram quatro
notas de R$ 50.
A escrivã foi presa em flagrante e, após responder a
processo interno, acabou sendo demitida pela Polícia Civil.
No mês seguinte, seus advogados recorreram da decisão.
"Foi um excesso desnecessário. Ela só não queria passar
pelo constrangimento de ficar nua na frente de homens", disse o advogado
Fábio Guedes da Silveira.
Para a Corregedoria, não houve excessos na ação dos dois
delegados.
Segundo a corregedora Maria Inês Trefiglio Valente, eles
agiram "dentro do poder de polícia".
O promotor Everton Zanella foi ouvido no inquérito que
investigou os policiais e disse que a retirada da roupa foi uma consequência do
transcorrer da operação.
"Houve apenas um pouco de excesso na hora da retirada
da calça da escrivã, todavia, em nenhum momento vislumbrei a intenção do
delegado que comandava a operação de praticar qualquer ato contra a libido da
escrivã", disse o promotor no inquérito.
Entretanto, a Procuradora da Justiça, Luiza Nagib Eluf, entrevista pelo Jornal da
Band, afirmou que não tinha dúvida alguma que os políciais cometeram crime.
"Estou envergonhada da nossa polícia. É uma situação
tão grotesca, tão violadora dos mais elementares direitos da mulher, que a
punição para essas pessoas tem que ser a mais exemplar possível".
Agora a Procuradoria da Justiça abriu inquérito para
investigar a ação dos delegados e já cobrou explicações da Corregedoria da
Polícia em razão do arquivamento do inquérito.
A escrivã, além de ser expulsa, está respondendo a um
processo criminal. A primeira audiência do caso só deverá ocorrer em maio,
conforme seus advogados.
Os delegados Eduardo Filho e Gustavo Gonçalves continuam
trabalhando na Corregedoria da Polícia Civil.
A corregedora os caracterizou como policiais "corajosos
e destemidos", porém, a Procuradora de justiça Luiza Nagib Eluf, de "criminosos".