Conversa franca com o político: Gustavo Tutuca
O Jornal Correio de Notícias está apresentando, diariamente, uma série de entrevistas com políticos da região.
Esses políticos estão se candidatando a eleição ou reeleição, quer para deputado estadual, quer para federal, senado ou governador do Estado.
Não deixe de ler e acompanhar essa série de entrevistas.
Nosso entrevistado de hoje é o Gustavo Tutuca, candidato a Deputado Estadual. Vamos à entrevista:
Fale-nos a seu respeito: qual a sua formação educacional, de sua família, se é casado, com quem, quantos filhos tem, ou se é solteiro. Quanto tempo reside em Piraí. Antes de ser político o que fazia?
Meu nome é Gustavo Reis Ferreira, mas sou mais conhecido como Gustavo Tutuca. Tenho 31 anos, sou formado em Análise de Sistemas, com pós-graduação em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Sou casado, com Aline, e tenho dois filhos – Vitória e Arthur. Meu pai, Arthur Henrique Gonçalves Ferreira, Tutuca, está em seu terceiro mandato como Prefeito de Piraí, depois de ter sido vereador, deputado estadual e vice-presidente do Detran. Minha mãe, Vânia, é professora, tendo exercido o cargo de Secretária de Esporte e Lazer de Piraí, na gestão de Luiz Fernando Pezão.
Fui professor da FAETEC e o ingresso na política acabou sendo conseqüência natural da experiência vivida em casa. Exerci os cargos de Secretário de Esporte e Lazer e de Governo de Piraí, este último acumulado com o de coordenador-geral do projeto Piraí Educação Digital, que tornou possível a Piraí ser o primeiro município no mundo a distribuir notebook a todos os alunos e professores das escolas da rede de ensino da Prefeitura. Coordenei também o projeto Tarifa Legal, que dão direito a todo morador de Piraí a pagar apenas R$ 1,00 em cada percurso de ônibus dentro do município. Fui também Supervisor Regional do Governo do Estado.
Como político foi eleito alguma vez? É político há quanto tempo?
Esta é minha segunda campanha política. Na primeira, em 2006, fui candidato a deputado estadual. Embora lançado à última hora, fiquei como suplente, como 24 mil votos, sendo, no entanto, o mais votado em Piraí, Rio Claro, Pinheiral e o terceiro em Barra do Piraí, cidades com as quais sempre tive estreito relacionamento, desde os tempos de menino.
O que o Sr. acha da Lei do Ficha Limpa e sua aplicação para o pleito atual?
A Lei da Ficha Limpa é uma das maiores conquistas da população em termos eleitorais. Nascida do anseio popular, tornou-se lei graças à pressão do povo, que está encontrando resposta a sua vontade nas decisões dos tribunais. Será o grande diferencial nestas e nas próximas eleições, por moralizar e valorizar a representação popular. O Congresso soube ouvir o povo e a aprovou a tempo.
O STF tem concedido liminares para impedir sua aplicação imediata. O Sr. acha que esse posicionamento vai atrapalhar as eleições?
A existência da lei, por si só, já é imensa conquista e tenho certeza de que o Judiciário está contribuindo para o seu fortalecimento. No entanto, o juiz decide conforme os autos e atento ao direito das partes. Liminar é um resguardo de direito e, no julgamento do mérito, pode ser cassada. Não temos razão alguma para duvidar que o STF, como guardião da justiça, não caminhará ao lado da lei, da moralidade da vida pública.
O que o Sr. defende nesse assunto?
A Lei da Ficha Limpa é uma conquista não apenas do povo, mas para a própria representação política. Se o candidato a um cargo público precisa ter ficha limpa por que não o representante do povo? A nova lei possibilita ao eleitor escolha mais consciente.
Qual a sua posição sobre o financiamento de campanha? Ele deve acontecer com verbas públicas ou, como está acontecendo, oriundas de doações de particulares?
Acho que o sistema atual de financiamento de campanha deve ser mantido, embora com aperfeiçoamentos, para evitar favorecimentos, o caixa 2 e que seja cada vez mais transparente.
E sobre a identificação do doador, o Sr. acha que esse procedimento não inibe as doações?
Não acredito que a identificação do doador vá criar constrangimentos para quem doa. As pessoas que decidem doar o fazem com plena consciência do seu ato e porque acreditam no projeto do político que ela escolheu.
O Sr. acha que as doações volumosas de empresas acabam por atrapalhar o processo eleitoral e se tornar até mesmo um fator de corrupção nas eleições?
O processo de financiamento de campanha está ficando cada vez mais transparente e será um fator de inibição a atitudes mal-intencionadas. A internet está dando uma enorme contribuição ao processo político, possibilitando que o eleitor acompanhe as doações e também o comportamento do político a quem deu seu apioio.
As grandes doações feitas por empresas não podem ser um fator de desigualdade para aqueles candidatos "nanicos" que não tem acesso a essas empresas?
Claro que pode, mas acho que as empresas, principalmente as grandes corporações industriais, tenderão a manter o procedimento atual. As grandes empresas, geralmente, doam a mais de um candidato, como ocorre na campanha presidencial.
O Sr. acha que se o financiamento pelo setor privado for proibido as doações irregulares, na surdina, através de um possível "caixa dois", vão continuar ocorrendo?
Claro que sempre haverá uma possibilidade de burla, mas a contabilidade de campanha agora está muito mais difícil de ser mascarada. É quase impossível acabar com a corrupção, mas a tendência é que, pelo menos em termos eleitorais, a situação fique mais clara.
O fato de a Justiça Eleitoral ter estabelecido uma prestação de contas mensal atrapalhou os candidatos?
Para os políticos sérios, éticos, não atrapalha em nada. Vai dificultar para quem estiver mal-intencionado. A transparência é uma tendência irreversível na vida pública, seja na administração, seja na eleição.
O Sr. Acha que sua candidatura pode contribuir para o progresso da região e do Estado do Rio?
Claro que sim. Se não fosse assim não teria razão de entrar numa campanha que exige entrega absoluta, afastamento da família, dos amigos. O político tem que fazer do bem público, da melhoria de vida da população seu compromisso principal.
Como o Sr. vê o progresso na região? Os deputados atuais têm contribuído de alguma forma para que isso tenha ocorrido?
Os deputados atuais têm feito esforço nesse sentido, defendendo os interesses de suas cidades, suas regiões. Mas vejo espaço para novas idéias, novos projetos, novas lideranças, comprometidas com um novo tempo. Temos uma população mais atenta, mais participante, mais exigente, que deseja um novo político, com novas práticas voltadas para o interesse comum. Nossa região precisa de uma nova visão estratégica, que transforme os municípios em parceiros complementares na luta pelo desenvolvimento e não competidores pela oportunidade industrial.”
Como o Sr. vê a questão da reforma política?
A reforma política é uma das necessidades mais urgentes do país, tanto quanto a reforma tributária. A reforma política será decisiva que o país avance em outras reformas importante, avançe no aperfeiçoamento da democracia e da representação política. É preciso que haja mais valorização dos partidos e que se reduza o número deles. Com o fim das chamadas legendas de aluguel e o fim do personalismo, entrará em cena o debate em torno de projetos políticos, idéias, dos programas partidários, to esquecidos hoje.
Ela deve acontecer nessa próxima legislatura?
Quando mais rápido acontecer, melhor. Mas para isso é necessário que o povo eleja políticos comprometidos com a reforma, que não sai do papel e adormece há anos nos escaninhos das casas legislativas.
O Sr. acha exagerado o número de partidos existentes atualmente?
Sim. O elevado número presta um desserviço à democracia e à representação política.
O excesso de partidos prejudica a qualidade de uma eleição?
Sim prejudica, além de confundir o eleitor, tendo em vista que não se valoriza o programa partidário, que deveria ser o grande balizador da campanha eleitoral.
Todo mundo sabe que a pré-campanha existe e que os candidatos e os Partidos se utilizam desse mecanismo para se promoverem, porém a Justiça Eleitoral proíbe e diz que não existe. O Sr. acha que a pré-campanha deveria ser regulamentada?
Sim, a regulamentação da pré-campanha é importante e deve ser um dos temas da reforma política. Ma entendo que a pré-campanha deve se desenvolver dentro dos partidos, entre os filiados, valorizando o debate de projetos, de ideais.
Por que o Sr. quer ser deputado estadual?
Quero ser deputado estadual para ter oportunidade de desenvolver um projeto político que fortaleça prioritariamente nossa região, gerando oportunidades de emprego e melhor renda para os jovens e adultos, via inclusão digital e capacitação profissional.
De que forma que o Sr. está tratando o seu programa? O que ele tem que poderá beneficiar a população da região Sul Fluminense e do Estado como um todo?
Quando optei por ingressar no PSB, foi por causa de um projeto político. O partido considera a educação, o desenvolvimento tecnológico a melhor opção para mudar o país, mudar para melhor a vida das pessoas. O Brasil está crescendo, já somos a oitava economia do mundo e o presidente Lula garante que estaremos entre as cinco em pouco tempo, E o Sul Fluminense é a região de maior perspectiva de crescimento no Brasil. Mas percebemos hoje, aqui e no país, o prejuízo causado pelo gargalho decorrente da falta de qualificação profissional, com prejuízos para crescimento maior ainda para a nossa região, o Estado e o país. Portanto, é via educação que vamos chegar lá. Qualquer projeto de desenvolvimento passa pela melhor qualificação dos nossos jovens e adultos.
Na sua atuação política existe algum programa ou experiência que, por contribuir com o desenvolvimento de sua cidade, lhe deixa satisfeito?
Piraí é, hoje, referência em várias áreas, mas destaco três principais. O município oferece a segunda melhor saúde do Estado, é o único no mundo a distribuir notebooks a todos os alunos e professores das escolas da Prefeitura e lançou este ano o projeto de passagem a R$ 1,00, que só existia em Campos e Cabo Frio. Se Piraí conseguiu, os outros municípios da região também podem conseguir. Até porque a expansão desses projetos é importante para o desenvolvimento de toda a região e do Estado, pelo que representam de melhoria de qualidade de vida da população.
Temos visto candidatos que apresentam um programa, disputam uma eleição por um Partido e depois mudam inteiramente o seu comportamento quando eleitos. O Sr. está comprometido com a implementação do programa que tem anunciado aos eleitores?
Estou comprometido, antes de mais nada, com o programa do PSB, o meu partido, no qual estão consagrados todos os projetos da na minha plataforma de campanha. Piraí se desenvolveu muito nos últimos 20 anos, tornou-se referência e atraiu empresas, porque proporciona educação de qualidade, comprovada nos índices do IDEB; tem uma rede de saúde citada como exemplo de gestão pelo Tribunal de Contas e investiu na inclusão digital, na agilidade da comunicação. Os empresários quando chegam em Piraí percebem que seus empregados e a família têm escola boa e gratuita, dispõem de assistência médica de alto nível e não sofrem com insegurança, certamente seu rendimento profissional será melhor. Podemos e queremos levar isso para toda região.
Qual o motivo que leva o Sr. a se candidatar a uma vaga de deputado nas próximas eleições?
É pôr em prática o programa político que tracei com o apoio do meu partido, visando ao bem-estar da população e ao desenvolvimento socioeconômico de nossa região, e levar a experiência vivida em Piraí e como Supervisor Regional a todo o Estado.
Cite alguma das suas realizações na vida política da região Sul Fluminense?
Orgulho-me de ter participado de projetos que são referência inclusive internacional, como o nosso projeto de um computador por aluno e a expansão do acesso à internet em banda larga a todo território de Piraí, premiado pela Unesco e que fez de Piraí a cidade no Brasil a receber o prêmio Top Seven Intelligent Communities (As 7 cidades mais inteligentes do mundo). Fico feliz em ter contribuído para que a saúde em nosso município seja citada como exemplo e receba constantemente missões até do exterior para ver o que se faz ali e também de ter contribuído para a democratização do acesso ao transporte, via implantação do projeto passagem a 1 real.