quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Franceses desistem de leilão do trem-bala


As empresas francesas de trens de alta velocidade vão desistir de participar do leilão do trem-bala do Brasil se ele for confirmado para a próxima segunda-feira (29). Alemães e espanhóis devem seguir o mesmo caminho.

Os grupos multinacionais estão sendo procurados desde a semana passada pela ANTT (Agência Nacional de Energia Elétrica) para formarem consórcios com empresas nacionais, mas ainda apostam num adiamento do leilão por parte do governo.
Com a desistência francesa, o governo fica ainda mais pressionado a tentar conseguir que pelo menos mais um consórcio entre na disputa.
Até agora, só o grupo sul-coreano, formado pela estatal operadora Korail e pela fabricante Rotem/Hyundai e que teria mais 20 empresas nacionais e estrangeiras, confirma que fará proposta.
A França foi o segundo país a deter a tecnologia, em 1981. Sua fabricante de equipamentos, a Alstom, é a que tem mais trens de alta velocidade em operação no mundo.
É investigada por suspeita de pagamento de propina por contratos no Brasil.
Os japoneses, pioneiros na tecnologia, também não devem entrar no negócio. Uma fonte do país classificou como "muito difícil" a participação no projeto que prevê ligar Campinas-SP-Rio se o leilão for na segunda.
Um grupo de 20 empreiteiras de São Paulo ligadas à Associação de Empreiteiras de Obras Públicas e que se apresentou como interessado desistirá se a data for mantida.
Para realizar o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, o governo forjou um consórcio de última hora com a estatal da Eletrobras e subsidiárias garantindo 49% do projeto.
No caso do trem-bala, essa possibilidade é mais remota. Isso porque o edital exige que o consórcio tenha um fabricante e um operador desse tipo de trem.
Só oito países no mundo detêm a tecnologia de fabricação, em cerca de 15 empresas.
A operação também é restrita a empresas de poucos países no mundo.
O principal motivo da desistência é que as companhias francesas não conseguiram firmar parceria com as construtoras brasileiras.
Os japoneses estão com a mesma dificuldade. As grandes empreiteiras do país não estão se mostrando dispostas a entrar no grupo inicial do leilão. Querem, segundo uma fonte, ser contratadas depois do negócio com as condições que elas quiserem oferecer para fazer a obra.
Além da falta de parceiros nacionais para a construção, que responde por cerca de 2/ 3 dos custos estimados de R$ 33,1 bilhões, os estrangeiros não estão convencidos da viabilidade do projeto.
Empresários do setor ferroviário pediram o adiamento por seis meses do leilão.

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