Plínio bancou mais da metade dos gastos de sua campanha presidencial
Plinio de Arruda Sampaio quer financiamento público de campanha paa combater corrupção |
O socialista Plínio de Arruda Sampaio, que disputou a Presidência pelo PSOL, defendeu várias vezes durante a disputa eleitoral o financiamento público de campanhas. Para ele, doações de grupos privados a candidatos e partidos políticos é uma das principais origens da corrupção que assola o sistema político e as instituições do país.
Não à toa, sua campanha esteve entre as mais modestas da eleição presidencial. Segundo dados da prestação de contas disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Plínio arrecadou R$ 99.245 mil reais. As despesas tiveram rigorosamente o mesmo valor.
Deste total, mais de 50% dos recursos saíram do próprio bolso de Plínio. Promotor público aposentado, ele injetou em sua própria campanha R$ 30,2 mil. Outros R$ 22 mil que foram declarados se referem ao uso de um automóvel próprio em parte de seus compromissos.
O próprio estatuto do PSOL veta doações feitas por empresas multinacionais, empreiteiras, bancos ou instituições financeiras nacionais ou estrangeiras. Praticamente todos os aportes feitos à campanha de Plínio partiram de pessoas físicas.
A campanha também recebeu doações online, e em setembro organizou um jantar em São Paulo para levantar fundos. O convite para o evento custou R$ 200.
Na previsão que entregou ao TSE ainda antes da campanha, Plínio indicou que gastaria no máximo R$ 900 mil. Chegou a pouco mais de 11% disso. Como foi a opção de 886.816 eleitores no dia 3 de outubro, cada voto dado a ele custou apenas R$ 0,11.
A petista Dilma Rousseff, eleita presidente no domingo (31), estimou gastos em até R$ 176 milhões. O tucano José Serra, derrotado por ela, fixou um teto de R$ 180 milhões. Os dois ainda não prestaram contas à Justiça Eleitoral porque disputaram o segundo turno.
Financiamento público
Durante a campanha, um dos programas eleitorais de televisão de Plínio de maior sucesso tratava justamente do financiamento público. Na peça, dois atores que representavam Dilma e Serra apareciam em um ringue e simulavam uma luta de boxe.
Ao se referir ao falso tucano, um narrador dizia que, em 2006, o PSDB recebeu doações de R$ 10,5 milhões dos banqueiros para sua campanha presidencial. O mesmo era dito sobre a sósia de Dilma e o PT.
Em seguida, os dois rivais eram nocauteados por um rapaz que vestia uma camiseta com o nome do PSOL. “Tem pessoas que o banqueiro ajuda. Para todas as outras, existe o PSOL”, dizia em seguida o narrador.
O próprio Plínio aparecia na parte final da propaganda para argumentar em favor de uma mudança na legislação eleitoral que possa instaurar o sistema de financiamento público.
- Se as candidaturas forem financiadas pelas empresas, elas vão cobrar depois. Vão exigir de volta o que deram, e com juros. Precisamos ter uma legislação que garanta o financiamento público de campanhas, porque isso é o que proíbe, o que impede a corrupção.
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