DEM vai ao STF contra parecer de não extraditar Battisti
O partido Democratas encaminhou nesta quarta-feira ao
Supremo Tribunal Federal (STF) ação direta de inconstitucionalidade contra o
parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que embasou a decisão do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar o italiano Cesare
Battisti.
Ainda que o partido oposicionista reconheça existir razões
políticas que podem barrar extradições, ele afirma que a AGU promoveu uma
"indevida manipulação" de forma a fazer crer que o ex-ativista
poderia correr risco de morte caso fosse enviado a seu país de origem.
No Brasil, o então ministro da Justiça Tarso Genro, sob o
argumento de "fundado temor de perseguição", garantiu ao italiano o
status de refugiado político, o que em tese poderia barrar a extradição
encaminhada pelo governo italiano à Suprema Corte brasileira. O caso foi a
julgamento no STF no final de 2009, quando os magistrados anularam a condição
de refugiado e decidiram que o italiano deveria ser entregue às autoridades de
seu país, mas teria de cumprir pena máxima de 30 anos de reclusão, e não prisão
perpétua como definido pelo governo da Itália.
"Os elementos extraídos para formar a convicção de que
o extraditando será submetido a agravamento de sua situação decorrem
basicamente de reportagens retiradas de periódicos e jornais italianos sobre
eventuais manifestações contrárias à não extradição de criminoso italiano, em
afronta às decisões legítimas e soberanas do Poder Judiciário italiano",
afirma o DEM na ação direta de inconstitucionalidade (ADI) encaminhada ao
Supremo.
"O parecer (da AGU) pretende que o presidente da
República possa se imiscuir nas competências constitucionalmente asseguradas ao
STF para reconhecer casos de recusa imperativa de extradição que a própria
Excelsa Corte julgou não ocorrer", afirmou o DEM, observando que o próprio
Supremo considerou ilegal a situação de refugiado dada por Tarso.
"Os princípios que fundamentam o estrito cumprimento do
tratado de extradição e do dever de extraditar não podem ser afastados ou
violados mediante o uso de justificativa ad hoc construída arbitrariamente a
partir de meras reportagens veiculadas em jornais e periódicos italianos",
afirmou o partido.
Ex-integrante da organização Proletários Armados pelo
Comunismo (PAC), Cesare Battisti foi condenado pela Justiça de seu país à
prisão perpétua por quatro assassinatos, ocorridos no final da década de 1970.
Depois de preso, ele, que é considerado um terrorista pelo governo italiano,
fugiu e se refugiou na França e na América Latina.
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