domingo, 20 de fevereiro de 2011

Caso de Polícia: Delegados deixam escrivã nua em São Paulo


Conforme denúncia formalizada, os policiais Eduardo Henrique de Carvalho Filho e Gustavo Henrique Gonçalves, ambos integrantes da Corregedoria de Polícia Civil de São Paulo, durante a prisão de uma escrivã de polícia que atuava no 25º DP, no bairro de Parelheiros (zona sul de SP), tiraram a calça e a calcinha de uma escrivã que era investigada pelo crime de concussão, quando um servidor exige o pagamento de propina.
Imagens que foram divulgadas ontem pelo blog do jornalista Fábio Pannunzio (www.pannunzio.com.br) mostram que durante a prisão em flagrante da escrivã os delegados determinaram que a mulher tirasse a roupa para checar se ela havia escondido dinheiro de propina dentro da calcinha.
O caso aconteceu em junho de 2009. Ao longo dos 12 minutos do vídeo, a escrivã diz que os delegados poderiam revistá-la, mas que só retiraria a roupa para policiais femininas.
Mas nenhuma investigadora da Corregedoria foi até o local para acompanhar a operação.
O vídeo traz trechos cedidos pela TV Band, cuja reportagem completa o leitor poderá ver pela internet, através do endereço http://videos.band.com.br/v_87687_exclusivo_policial_e_deixada_nua_e_revistada_a_forca.htm, que mostram imagens do incidente.
Ao final, o delegado Eduardo Filho, uma policial militar e uma guarda civil algemam a escrivã retiram a roupa dela e encontram quatro notas de R$ 50.
A escrivã foi presa em flagrante e, após responder a processo interno, acabou sendo demitida pela Polícia Civil.
No mês seguinte, seus advogados recorreram da decisão.
"Foi um excesso desnecessário. Ela só não queria passar pelo constrangimento de ficar nua na frente de homens", disse o advogado Fábio Guedes da Silveira.
Para a Corregedoria, não houve excessos na ação dos dois delegados.
Segundo a corregedora Maria Inês Trefiglio Valente, eles agiram "dentro do poder de polícia".
O promotor Everton Zanella foi ouvido no inquérito que investigou os policiais e disse que a retirada da roupa foi uma consequência do transcorrer da operação.
"Houve apenas um pouco de excesso na hora da retirada da calça da escrivã, todavia, em nenhum momento vislumbrei a intenção do delegado que comandava a operação de praticar qualquer ato contra a libido da escrivã", disse o promotor no inquérito.
Entretanto, a Procuradora da Justiça, Luiza Nagib Eluf, entrevista pelo Jornal da Band, afirmou que não tinha dúvida alguma que os políciais cometeram crime.
"Estou envergonhada da nossa polícia. É uma situação tão grotesca, tão violadora dos mais elementares direitos da mulher, que a punição para essas pessoas tem que ser a mais exemplar possível".
Agora a Procuradoria da Justiça abriu inquérito para investigar a ação dos delegados e já cobrou explicações da Corregedoria da Polícia em razão do arquivamento do inquérito.
A escrivã, além de ser expulsa, está respondendo a um processo criminal. A primeira audiência do caso só deverá ocorrer em maio, conforme seus advogados.
Os delegados Eduardo Filho e Gustavo Gonçalves continuam trabalhando na Corregedoria da Polícia Civil.
A corregedora os caracterizou como policiais "corajosos e destemidos", porém, a Procuradora de justiça Luiza Nagib Eluf, de "criminosos". 

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