Coluna semanal do Presidente Lula
Valdir Jabowski, 65 anos, produtor rural de Erechim (RS) – O sr. acredita que o Brasil realmente será o celeiro do mundo? Como nós, produtores rurais, poderemos ser beneficiados com isso?
Presidente Lula – Nós já somos o segundo maior exportador de alimentos do planeta, com grande destaque nos mercados de café, soja (grão, farelo e óleo), milho, carnes de frango, bovina e suína e suco de laranja. E o Brasil pode se tornar líder em pouco tempo. Relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado no mês passado, prevê que a produção agrícola do Brasil vai registrar o maior crescimento mundial até 2019. O aumento será de 40%, o dobro da média mundial. O Brasil vai se firmar como celeiro do mundo, conforme as projeções de produção, consumo, estoque, comércio e preços para 2010/2019 analisadas no estudo. Os séculos passados foram dominados pela agricultura de clima temperado. Agora, chegou a hora da agricultura tropical, que está batendo recordes de produtividade. Nós temos 100
milhões de hectares disponíveis, sol, muito sol, água em abundância, tecnologia de ponta, produtores competitivos e uma política agrícola de longo prazo que aposta em pesquisa, infraestrutura de armazenagem e crédito rural para investimento e custeio. Os produtores rurais e todo o país só terão a ganhar com os novos tempos que se anunciam.
Lauciedna Santos Reis, 39 anos, empregada doméstica de Serra (ES) – O que o sr. pode fazer para melhorar o atendimento à saúde no Brasil? Quem recebe salário mínimo não tem condições de pagar plano de saúde.
Presidente Lula – O setor de saúde não recebia o tratamento devido fazia anos e por isso os problemas acumulados eram muito grandes. Nós achamos que ainda há muita coisa a se fazer, mas nos últimos sete anos fortalecemos e ampliamos como nunca o atendimento. Cito alguns dados do SUS: entre 2003 e 2009, a rede pública aumentou em 68,4% os atendimentos ambulatoriais, o número de transplantes aumentou 60%, passando de 12,7 mil, em 2003, para 20,2 mil, em 2009, a ressonância magnética cresceu 174%, com 383 mil procedimentos realizados no ano passado, o financiamento de cirurgias cardíacas aumentou 71,6% (R$ 1,2 bilhão, só em 2009). A cobertura do Programa Saúde da Família já alcança 100 milhões de pessoas em todo o país. Os resultados são animadores. O número de gestantes com acesso ao pré-natal cresceu 125% e a mortalidade infantil foi reduzida em 20%. O Samu e as Unidades de Pronto Atendimento (Upas) têm dado uma grande contribuição para a eliminação das filas nas emergências. Com o programa Farmácia Popular, que criamos em 2004, ampliamos o acesso aos medicamentos, sobretudo da população mais pobre.
Andréia Raimundo, 33 anos, técnica de enfermagem do Rio de Janeiro (RJ) – A pessoa que faz um curso técnico gasta dinheiro e, ao se candidatar a uma vaga no mercado de trabalho, encontra uma barreira chamada experiência. Como resolver esse problema?
Presidente Lula – Desde o início do meu primeiro mandato, eu sempre dei mais força aos projetos que garantem, além do crescimento econômico, uma grande absorção de mão-de-obra. Este ano, enquanto outros países ainda sofrem com a redução do emprego, nós já criamos 1,5 milhão de novos empregos e ainda vamos criar mais 1 milhão até o fim do ano. O crescimento do PIB será de 7%. O desenvolvimento é muito forte. Muita gente, em vez de saudar a abertura cada vez maior de vagas, prefere encontrar uma forma de criticar, falando em apagão de mão-de-obra especializada. Nós estamos trabalhando há muito tempo para melhorar o nível de capacitação dos trabalhadores através de diversos programas. Além disso, estamos criando em 8 anos, 214 novas escolas técnicas (em 100 anos tinham sido criadas apenas 140), 14 novas universidades, 124 extensões universitárias e concedemos bolsas de estudos a mais de 700 mil jovens carentes para cursarem faculdades particulares. Estamos fazendo a nossa parte que é estimular o crescimento e oferecer oportunidades para a qualificação. Estou convencido de que as empresas que ainda criam obstáculos ao primeiro emprego, em pouco tempo vão ceder, considerando as necessidades crescentes de mão-de-obra especializada.
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