Irã mostra disposição em aceitar oferta de Lula sobre mulher condenada
Lula e Ahmadinejad durante visita ao Teerã Brasil é um dos principais aliados do Irã - Foto Wilson Pedrosa |
O governo do Irã indicou ontem disposição em aceitar a oferta feita pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que no sábado disse que o Brasil poderia receber a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento.
A proposta de Lula fez com que a imprensa oficial divulgasse, pela primeira vez, detalhes da história de Sakineh e deu esperança para a família da condenada, que antes vinha denunciando abuso das autoridades na condução do caso.
Isolado do restante do mundo, o regime de Teerã pareceu disposto a atender ao pedido do Brasil, um importante aliado que já foi criticado por defender o programa nuclear iraniano e trabalhar contra a aprovação de novas sanções da ONU ao país.
De acordo com Sajad, filho de Sakineh, funcionários do governo lhe telefonaram momentos depois de Lula fazer as declarações, afirmando que o caso de sua mãe seria resolvido ainda esta semana. "Acho que o Irã não pode ignorar o Brasil como fez com outros países", disse Sajad, em referência aos diversos apelos feitos pela comunidade internacional pedindo o perdão de Sakineh. "É muito importante que o Brasil, um dos aliados mais importante do Irã no mundo, tenha oferecido um refúgio para minha mãe."
Sajad ainda afirmou que espera que a Turquia, outro importante parceiro do Irã, junte-se ao Brasil para resolver o problema. "Nenhum outro país do mundo tem a influência que o Brasil e a Turquia têm sobre o Irã agora."
Sakineh, de 43 anos, é mãe de dois filhos e foi condenada em 2006 a 99 chibatadas por ter "relações ilícitas" com dois homens. Uma outra corte retificou a condenação para "adultério" e a sentenciou à morte por apedrejamento - prática oficializada em 1983 no Código Penal do país persa.
Segundo o jornal inglês The Guardian, até agora, a imprensa iraniana vinha ignorando o caso da condenada.
A intervenção de Lula, porém, fez com que a agência de notícias oficial Fars noticiasse a história, afirmando que Sakineh havia sido condenada por adultério e depois sentenciada à morte por apedrejamento, expressão normalmente censurada no país.
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