Avaliação da polícia melhorou no Alemão após ocupação, diz
FGV
Após a ocupação dos complexos da Penha e do Alemão, na zona
norte do Rio, no final de novembro do ano passado, os moradores dessas favelas
passaram a avaliar melhor a ação da polícia no bairro e o tratamento dado a
eles.
Esse é o resultado da pesquisa da Fundação Getulio Vargas
(FGV) que mede a percepção da presença do Estado em diferentes regiões do Rio.
O Índice de Percepção da Presença do Estado (IPPE) foi feito a partir de uma
parceria o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) e o Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV).
Em janeiro de 2011, foram feitas 1.200 entrevistas com
perguntas sobre questões de cidadania e serviços públicos, nas quais os
moradores deram notas de 0 a
100 a cada um dos
aspectos. As respostas foram divididas em três grupos de regiões geográficas:
Complexo do Alemão, zona A --composto pelas zonas norte, oeste (exceto Barra da
Tijuca) e central (exceto Santa Teresa)-- e zona B, que abrange a zona Sul,
Barra e Santa Teresa.
Se na edição anterior da pesquisa, realizada em junho de
2010, os moradores do Complexo do Alemão deram nota 32 para a ação da polícia
no bairro, neste ano o índice saltou para 57, igualando-se aos registrados nas
zonas A e B --57 e 61 respectivamente.
A avaliação do tratamento dado os moradores também subiu,
passando de 26 para 40. A
diferença para as outras regiões da cidade, porém, ainda é grande. A zona A deu
nota 68, e a B, 73. Outro índice que teve aumento representativo no Complexo do
Alemão foi no aspecto da liberdade de ir e vir, no qual a nota passou de 69
para 81. Mesmo com a disseminação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora),
o medo de circular pela cidade ainda afeta as outras regiões. Na zona A, a
pontuação passou de 39 para 45, enquanto que na B caiu de 44 para 42, uma queda
estatisticamente irrelevante.
A sensação de segurança teve uma leve alta em todas as
regiões, mas o aspecto continua com uma das notas mais baixas da pesquisa.
Perguntados sobre a possibilidade de não sofrer agressão, assalto ou violência,
os moradores do Alemão deram nota 33 frente aos 26 pontos pesquisa anterior. Na
zona A, passou de 21 para 29, e na B, de 20 para 31.
Em relação à percepção dos serviços públicos, temas como
saúde, educação e infraestrutura permaneceram sem grandes alterações. Segundo
os pesquisadores, os índices que sofreram os principais aumentos foram alvos
específicos de políticas públicas.
É o caso da inauguração da sala de cinema no Complexo do
Alemão, no final de dezembro de 2010, que fez saltar de 45 para 58 a avaliação dos programas e espaços
culturais. Curiosamente, os moradores da zona A avaliam como pior esse aspecto
na região do que no Complexo do Alemão. Em 2010, a nota foi 39 e passou para 44
em 2011.
As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
impactaram a percepção dos moradores do Complexo do Alemão em relação à
disponibilidade de praças, quadras esportivas e espaços de lazer, ao ponto de
superar as notas das zonas A e B. No Alemão, a nota passou de 38 para 55,
enquanto que na zona foi de 36 para 41, e na B, de 46 para 47. Quando a
pergunta refere-se à pavimentação das ruas e calçadas do bairro, porém, a
avaliação piorou no Alemão (de 46 para 44).
"Os moradores do Alemão perceberam as melhorias das
obras do PAC no entorno, mas também viram que elas não entraram pelas ruas do
bairro", avalia o pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre.
Para Barbosa, os dados da pesquisa podem estar maquiados por
uma euforia dos moradores com a ocupação policial e com a oferta inicial maciça
de serviços. Os pesquisadores acreditam que uma nova pesquisa realizada em
junho deste ano poderá medir melhor esse fator.
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