sexta-feira, 4 de março de 2011


Em reunião com líderes, Dilma Rousseff justificará cortes e agradecerá apoio na votação do mínimo

A coordenação política do governo identificou que muitos líderes estão dispostos a cobrar explicações do corte nas emendas parlamentares, que gerou grande insatisfação na base.


Na primeira reunião com os líderes de partidos aliados na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff deverá explicar anecessidade do corte orçamentário e, ao mesmo tempo, agradecerá o apoio durante a votação do projeto de lei que estabeleceu o salário mínimo em R$ 545, considerado o primeiro grande teste do governo. O encontro é visto no Palácio do Planalto como uma ação preventiva para evitar cobranças pelo corte de R$ 18 bilhões na liberação de emendas e até mesmo pela demora no loteamento político dos cargos de segundo escalão. (Leia também: Sarney admite 'certo desconforto' no corte de emendas parlamentares)
Até a noite desta terça-feira, todos os líderes da base governista tinham sido convidados com exceção do líder do PDT, deputado Giovanni Queiroz (PA), que encaminhou voto contrário ao governo na votação do salário mínimo. O Palácio do Planalto decidiu que era preciso dar uma sinalização da contrariedade do governo com a postura do PDT na condução deste debate na Câmara.
- Essa será uma reunião de abraços (confraternização). Mas só foram convidados os líderes que votam 100% com o governo. O encontro com a presidente Dilma é para discutir o futuro. O que aconteceu no passado não está mais em questão - disse o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Nesta terça-feira, assessores palacianos justificavam a ausência do deputado Giovanni Queiroz por causa do “comportamento agressivo” do líder pedetista na votação do mínimo. No Planalto, foi lembrado que Queiroz chegou a fazer um discurso em que afirmou que a presidente Dilma estava mal aconselhada e que precisava se assessorar melhor sobre a matéria.
Deputados do PDT não esconderam a surpresa com o veto ao nome de Queiroz na reunião com Dilma. Avaliação reservada na bancada é que esse gesto pode ampliar ainda mais o clima de hostilidade entre o partido e o Planalto. Nesta terça-feira à noite, Giovanni Queiroz confirmou que não havia recebido o convite e avisou que se fosse chamado ao Planalto, também não iria.
- Não fui convidado e não sei se ainda vou ser chamado para a reunião. Mas se fosse convidado, também não iria. Votei com a linha programática do PDT em relação ao salário mínimo - disse Queiroz.
Nesta terça-feira, interlocutores do Planalto pediram aos líderes da base aliada para evitar na reunião de hoje qualquer tipo de constrangimento e cobrança em relação aos cargos e emendas parlamentares. O encontro é visto como uma ação preventiva, principalmente num momento em que o governo está envolvido com pautas negativas como cortes orçamentários e temas impopulares como a votação do mínimo.

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