domingo, 31 de outubro de 2010


“Se você tem asco da corrupção, não pode ser um asno na votação”.

Senador Romeu Tuma

 
SERRA OU DILMA?

 
Se confirmar a pesquisa eleitoral no próximo domingo o Lula será eleito pela terceira vez.

 
Será?

 
Esta é a grande dúvida que o eleitor terá e os analistas políticos, cientistas políticos, jornalistas vão se deliciar. Prato cheio!

 
Na hipótese de Serra não conseguir a maioria de votos encerra-se o ciclo do político técnico, competente, duro e sem carisma. Um técnico que conhece profundamente orçamento público, planejamento estratégico. Domina com perfeição o bisturi financeiro. Na prefeitura de São Paulo renegociou os contratos da Marta e obteve uma vantagem de 17%. Um político que governa com a oposição, realizador, e que tem o dom de não aparecer.

 
Detesta refletores, talvez aí a dificuldade na campanha de aparecer melhor ao eleitor e não transmitir uma idéia de realizador.

 
Um político de opinião com a capacidade de “falar grosso” com grandes laboratórios internacionais e defender um plano mundial de combate a AIDS.

 
Peço licença ao leitor para fazer um parêntesis. O compositor e musico Chico Buarque, no comício de apoio dos artistas à candidatura Dilma, afirmou que ela é de ”falar fino com a Bolívia e grosso com os Estados Unidos”. Impossível a um homem culto não reconhecer que o Brasil falou fino com a Bolívia, ou seja, entregou uma refinaria projetada e construída por uma empresa, uma sociedade anônima, a Bolívia. Num país sério seria a diretoria da Petrobras e o presidente da República, denunciados por improbidade administrativa, salvo, se o país solicitasse a uma Corte Internacional para arbitrar o conflito. Nada foi feito. Como falar grosso com os Estados Unidos se a balança comercial brasileira é negativa em relação os Estados Unidos, ou seja, o Brasil está trocando empregos no Brasil por empregos nos Estados Unidos através de produtos importados. O produto americano é mais barato que o produto brasileiro. O Brasil está falando “fininho” com os Estados Unidos e engolindo a recuperação da economia americana à custa dos países emergentes. Fim do parêntesis.

 
Serra é um governante que tem a capacidade de montar uma equipe econômica coesa e competente e a capacidade de decidir sobre qualquer assunto do país. A sua passagem pelo Ministério da Saúde, um administrador e não médico, que acordava amigos médicos, altas horas da madrugada, para solicitar informações técnicas sobre problemas de saúde e como ataca-los com eficiência. Daí os mutirões da saúde.

 
Serra tem visão de planejamento estratégico, emérito criador de cenários políticos e de macroeconomia.

 
Certa feita, perguntaram ao Amador Aguiar porque ele não aproveitava o ex-ministro da Fazenda, Delfim Neto, como um alto funcionário de seu banco. E ele dizia, prefiro o Simonsen ao Delfim. Para os íntimos dizia que o Delfim quebraria o Banco. Delfim é administrador público, o Simonsen é homem de mercado. Dito e feito. Simonsen montou um banco e nas horas vagas cantava ópera e o Delfim virou palestrante, conferencista, produtor de sátiras, sempre falando sobre macroeconomia.

 
O perfil de Serra é o mesmo de Delfim e com uma característica: é firme e duro nas decisões e cobra dos membros de seu partido detalhes nos projetos de solicitação de recurso financeiro ao governo. Se não provar a eficiência do projeto o dinheiro não saía. Por isso muitos políticos tucanos não veem o Serra com bons olhos.

 
Caso Serra vença as eleições o Congresso Nacional, via PMDB, daria facilmente o apoio ao governo. O PMDB é um partido movido à grana, mas, com certeza o Ministro de Minas e Energia não seria o braço do Sarney, o Lobão. Nome apropriado, pois adora tomar conta das uvas do governo. O presidente do Banco Central não seria o presidente do Brasil.

 
Cá entre nós a herança bendita de FHC foi garantida por Henrique Meirelles, saído das hostes tucanas de Goiás.

 
As decisões econômicas seriam tomadas num regime de colegiado entre o ministério da Fazenda, ministério do Planejamento e o presidente da República.

 
Num governo Serra jamais veríamos e ouviríamos um ministro da Fazenda criticar uma decisão do Banco Central sobre a taxa Selic publicamente.

 
Lembrar que o então presidente Fernando Henrique, na eleição de sua sucessão, chamou todos os candidatos à presidência para relatar a situação do país, assuntos pendentes e de decisões de curto prazo.

 
Estes gestos políticos refinados não serão mais vistos na política brasileira. Tudo está bem. E não está! Vencendo Serra ou Dilma, segunda feira, dia 1º de novembro o presidente eleito deveria tomar uma medida urgente sobre o tripé do Plano Real: meta de inflação, taxa de juro e câmbio.

 
Com referência a eleição de Dilma o perfil de seu governo dependerá da vontade de Lula, da ala de José Dirceu e Dilma, da corrente do Palocci e da pressão do PMDB. Será um governo de coalizão difusa.

 
O grande risco de Dilma é não saber administrar a “herança maldita” que o Lula vai deixar. Faz parte do plano? Só o futuro dirá.

 
O feitiço contra o feiticeiro!

 

  • Nota - A partir do dia 13 de outubro último tenho o título de jornalista com o Registro Profissional nº. 59376/SP, conforme decisão do STF-RE 511.961. Espero e peço a Deus que possa exercer esta nova profissão sobre a égide da democracia e da liberdade de imprensa.

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