Historiadora
denunciou censura no Arquivo Nacional
A historiadora Jessie Jane Vieira de Sousa foi o estopim da
crise, que está assolando o Arquivo Nacional, por impedir o acesso de
documentos da época da ditadura.
Jessie e outro historiador, Carlos Fico, que ocupavam,
respectivamente, os postos de presidente e vice-presidente do Comissão de Altos
Estudos do Memórias Reveladas, na semana passada, pediram o desligamento da
instituição.
Acabaram por ocasionar a retirada de entidades não
governamentais do seminário do seminário que estaria sendo realizado (veja
matéria nesta página).
Jessie Jane é professora do Departamento de História do
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e foi diretora do
Instituto de janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Possui graduação em História
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrado em História pela
Universidade Estadual de Campinas e doutorado em História Social pela UFRJ.
Filha de um trabalhador mineiro, Jessie Jane se filiou à
Ação Libertadora Nacional (ALN) em 1969. Na ALN conheceu Colombo e com ele
viveu na clandestinidade até 1970. Ambos foram presos no dia 1º de julho de
1970, quando executavam a ação de seqüestro do Caravelle PP-PDX da Cruzeiro do
Sul, no Rio de Janeiro.
Estava com 21 anos quando foi presa e barbaramente
torturada. Permaneceu nove anos na penitenciária de Bangu (Presídio Talavera
Bruce). Em 1972, obteve autorização judicial para se casar e em setembro de
1976, nasceu Leta, sua filha.
Depois que saiu da cadeia foi morar em Volta Redonda, onde
trabalhou construindo arquivo do movimento operário. De 1999 a 2002, exerceu o
posto de diretora do Arquivo Público do Rio de Janeiro, onde estão arquivados
todos os documentos do antigo DOPS. Como pesquisadora, publicou oito artigos
para periódicos, escreveu dois livros, além de dez textos para jornais e
revistas e o mesmo número de trabalhos para congressos. Nessa entrevista, a
professora Jessie Jane fala sobre a situação atual do país e da universidade
brasileira.
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