sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


Emocionado, Lula participa de seu último Natal com catadores como presidente

Encontro foi realizado em São Paulo e contou com a presença de Dilma

Juntos, Lula e Dilma participaram do evento. Presidente eleita prometeu ir na comemoração nos próximos anos. Foto: Ricardo Stuckert
 Respeitando uma tradição que já leva oito anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (23), a exemplo do que fez desde que chegou ao Palácio do Planalto, da festa de Natal dos catadores de papel e material reciclável. O evento, realizado em São Paulo, contou este ano também com a presença da presidente eleita, Dilma Rousseff.
Emocionado desde o início do evento, Lula ouviu agradecimentos dos catadores e de representantes da população de rua, que celebraram a melhora de suas condições de vida nos últimos oito anos.
A coordenadora do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Maria Lucia Santos, lembrou que o presidente olhou com "sensibilidade" para grupos que até então eram ignorados e pareciam ser "invisíveis".
- O coração da população de rua está repleto de gratidão ao senhor.
Matilde Ramos, uma catadora que vive em Ourinhos, cidade do interior paulista, discursou em seguida e lembrou que, graças a uma lei em vigor desde 2006, hoje as prefeituras municipais podem fechar contratos com cooperativas de catadores.
- Há 20 anos, vivíamos no lixo, mas hoje, graças ao convênio com a prefeitura e ao senhor, estou sendo paga pelo meu serviço.

Matilde levou Lula às lágrimas ao falar das condições dadas aos catadores para que hoje possam se organizar e se profissionalizar.
- O senhor tem noção do que fez pela nossa vida? Hoje, nós podemos ser reconhecidos como profissionais, como trabalhadores
Ao assumir o microfone, Lula fez questão de exaltar o tratamento dado por seu governo aos catadores, com atenção, apoio e políticas de incentivo. Mais cedo, ele entregou um caminhão a organizações que reúnem estes trabalhadores.
Como exemplo, citou a presença de Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), no evento de hoje, durante o qual foram também assinados vários convênios.
- Quando se imaginou que o presidente do BNDES viria a uma reunião com catadores de papel e assinasse financiamento para eles? É só olhar o discurso das pessoas que falaram aqui. Essas pessoas, há pouco tempo, jamais imaginaram estar sentadas do lado de uma presidente da República. Essas pessoas aprenderam a falar porque aprenderam a ter consciência, passaram a entender que têm direitos, aprenderam a andar de cabeça erguida, porque catar papel não pode ser mais vergonha. É o orgulho de levar para casa o sustento com o trabalho. Um morador de rua não é nem um caso perdido nem de polícia, é um caso de amor, de paixão e de políticas públicas.
Em tom de despedida, o presidente garantiu que, mesmo após deixar o governo, continuará a participar das festas de Natal dos catadores.
- Estou apenas deixando a presidência da República. Mas, se vocês me convidarem, no Natal do ano que vem eu estarei aqui outra vez. 
Animada, Dilma lembrou os tempos de campanha e discursou de improviso por cerca de 10 minutos. Antes, chegou a dançar e cantar uma música composta para ela por uma banda formada de representantes da população de rua.
Em sua fala, a presidente eleita prometeu que, a partir do próximo ano, já como presidente da República, repetirá o exemplo de Lula e participará de todas as celebrações de Natal realizadas pelos catadores.
- Assumo hoje o compromisso de, todo dia 23 de dezembro, estar aqui dando continuidade ao que fez o presidente Lula em seus oito anos de governo.
Dilma assegurou ainda que dará continuidade às políticas do governo Lula e manterá as portas abertas aos catadores.
- Eu vou assegurar que a inclusão de vocês seja uma política permanente, de financiamento, apoio, assistência, integração ao serviço de educação e de saúde. Não descansarei enquanto eu não conseguir dar as melhores condições para que os catadores saiam do lixão, tenham sua profissão reconhecida, organizem cooperativas, tenham seus caminhões e máquinas e sejam capazes de ter renda suficiente para garantir uma vida digna a suas famílias.

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